
Yago Martins reage a fala de Ed René. Foto: Reprodução.
O pastor e teólogo Yago Martins publicou um vídeo em seu canal “Dedos de Teologia” para responder a uma declaração recente de Ed René Kivitz, que criticou manifestações religiosas públicas em universidades brasileiras. A fala de Kivitz repercutiu nas redes, especialmente após um corte divulgado pelo professor Franklin Ferreira, e motivou Yago a se posicionar publicamente sobre o assunto.
No vídeo comentado por Yago, Ed René Kivitz critica um movimento de jovens evangélicos que têm realizado cultos e momentos de louvor na USP. Em sua fala, Kivitz afirma que religião não deveria ser espetáculo público:
“Religião não é espetáculo público. Religião é experiência particular e privada. Ritual religioso acontece daqui para dentro. Na rua é justiça; aqui é oração.”
A fala classifica manifestações religiosas públicas como “teatro religioso”, sugerindo que expressões de fé organizadas fora das paredes da igreja seriam inadequadas.
Logo no início da live, Yago explica que seu ministério pastoral começou justamente pregando em escolas e universidades:
“Meu primeiro púlpito foi uma sala de aula. Passei boa parte do meu ministério indo a universidades para fazer cultos e pregar.”
Para Yago, a crítica de Ed René ultrapassa a discordância teológica e atinge diretamente anos de trabalho missionário válido dentro do ambiente acadêmico. Segundo ele, Kivitz não está apenas comentando um caso isolado da USP, mas desqualificando toda forma de evangelização e culto público nas universidades.
Yago argumenta que, mesmo reconhecendo que alguns movimentos universitários podem ter excessos ou falhas doutrinárias, Ed René estaria focando sua crítica naquilo que há de genuíno:
“Até poderíamos discutir aspectos teológicos problemáticos de certos grupos. Mas por que criticar justamente a parte boa, que é a pregação, o culto e a expressão pública da fé?”
Segundo ele, ao fazer isso, Kivitz não estaria apenas criticando ministérios neopentecostais ou movimentos específicos, mas todas as iniciativas cristãs nas universidades – incluindo entidades históricas como ABU, CRU e missão GAP.
Martins considera perigosa a ideia de que a fé cristã deva se restringir ao espaço interno da igreja. Para ele, esse pensamento conduz a uma compreensão de missão reduzida apenas à ação social e sem o anúncio explícito do evangelho:
“Para Kivitz, parece que lá fora só pode existir justiça social, não culto, não pregação. Mas por que não os dois?”
Yago argumenta que o compromisso cristão com transformação social não pode substituir o anúncio público da fé, da salvação e do arrependimento.
Durante o vídeo, Yago usa textos bíblicos para defender que a prioridade missionária do cristão está no anúncio do evangelho, antes mesmo de ações sociais. Ele cita Mateus 6 e João 6 para fundamentar que Cristo coloca a justiça espiritual e eterna acima das necessidades terrenas.
Segundo ele:
“É melhor passar fome com Jesus do que viver uma vida feliz sem Ele.”
Yago conclui que pregação, culto e manifestação pública do evangelho não apenas são legítimos, mas fundamentais para a missão cristã no mundo.
A discussão expõe duas visões distintas dentro do meio evangélico brasileiro:
Uma que entende a fé como missão principalmente social e ética no espaço público.
Outra que destaca que essa missão não pode existir sem a pregação explícita, pública e visível do evangelho.
A reação de Yago tem repercutido entre líderes e ministérios que atuam dentro de escolas e universidades, reacendendo o debate sobre qual deve ser o papel da igreja no espaço público brasileiro.