
O roteirista Ayrton Battista. Foto: Reprodução.
O média-metragem “Minhas Mãos”, escrito por Ayrton Battista e dirigido por Rogério Lemos, conquistou o prêmio de Melhor Filme Esportivo no Festival Internacional de Cinema Cristão (FICC), uma das maiores vitrines do audiovisual de temática espiritual do Brasil. A premiação marca não apenas um avanço para o cinema cristão nacional, mas também evidencia o talento de Battista como roteirista e idealizador da obra.
Gravado em Guarulhos, com cenas ambientadas no tradicional Coliseu Boxe Center, o filme acompanha a história de Cássio Reis, um jovem boxeador negro que enxerga no esporte a chance de romper com a pobreza. Entre treinos intensos, a influência firme do treinador África e o amor transformador de Estela — uma cristã dedicada que busca reacender sua fé — Cássio vive o dilema central da trama: confiar apenas na própria força ou entregar sua jornada nas mãos de Deus.
O reconhecimento do FICC reforça a relevância do trabalho de Ayrton Battista, responsável pelo roteiro, pela concepção original da narrativa e também pela coreografia das cenas de lutas. A partir de uma visão sensível e profundamente humana, Battista constrói uma história que une três dimensões potentes: o esporte, a fé e a realidade social de milhares de jovens brasileiros.
Com trajetória consolidada no mercado audiovisual cristão e independente, Ayrton se destaca por criar textos que integram metáforas espirituais à dramaturgia, resultando em obras que tratam de superação, vocação, propósito e transformação pessoal. Em “Minhas Mãos”, o roteirista entrega um equilíbrio raro entre ritmo, emoção, diálogos naturais e um arco de protagonismo intenso e crível. “O filme nasceu do desejo de retratar a luta interna de tantos jovens que encontram no esporte não apenas um caminho, mas um sentido de vida”, afirma o roteirista.

O impacto do filme também se deve à forma como Ayrton conduz a metáfora central da obra. No ringue, Cássio enfrenta um adversário. Mas dentro de si, trava uma batalha ainda maior. Pressão social, violência urbana, a busca por ascensão e a tentativa de conciliar força física com espiritualidade transformam cada cena em uma experiência emocional.
O ponto alto da narrativa, em que Cássio ora no ringue diante da derrota iminente, simboliza a essência do roteiro: a verdadeira vitória não está apenas na força das mãos, mas na força daquele que as conduz.
A abordagem reforça por que “Minhas Mãos” se destaca como um dos filmes cristãos mais significativos do ano e por que sua combinação entre fé e esporte tem alcançado públicos diversos.

O prêmio concedido pelo FICC evidencia o crescimento e amadurecimento do cinema cristão no país. Embora o gênero esportivo seja reconhecido por sua potência emocional e visual, ainda são raras as produções brasileiras que unem boxe, espiritualidade e crítica social em uma narrativa coesa e impactante — algo que o roteiro de Ayrton Battista entrega com profundidade.
O festival, organizado pela Agenda Cultural Brasil, reuniu obras nacionais e internacionais e reforçou a importância de projetos que dialogam com valores, ética e transformação social. Para o segmento cristão, a vitória de “Minhas Mãos” representa também um incentivo para que novos cineastas e roteiristas explorem temáticas que conectem fé com realidades vividas pela juventude brasileira.
Com a conquista no FICC, “Minhas Mãos” ganha novo fôlego para circular por festivais, exibições especiais e novas janelas de distribuição. Para Ayrton Battista, o reconhecimento não é apenas um prêmio, mas um ponto de partida para novos projetos que unem cinema, espiritualidade e impacto social. O filme afirma a força de narrativas que falam da fé através de histórias reais, humanas e sensíveis — exatamente o tipo de cinema que Ayrton tem se dedicado a construir.
Roteiro e ideia original: Ayrton Battista
Direção e Fotografia: Rogério Lemos
Por Karlos Aires